domingo, 10 de agosto de 2008

SAÍDA DE CAMPO - MUSEU JÚLIO DE CASTILHOS

TEXTO INTEGRAL DO MUSEU JÚLIO DE CASTILHOS
Exposições

“1808 – 1821: A Corte Portuguesa no Brasil”

Período: 03/06 à 31/08/2008

O objetivo da mostra é trazer à tona os debates em torno dos 200 anos da vinda da corte portuguesa à colônia, pensando as repercussões de sua permanência.
Como seria hoje o Brasil, se a corte não tivesse vindo de Portugal? Esta é a abordagem do evento, que visa estimular o visitante, em especial o público escolar, a tirar suas próprias conclusões. Como subsídios, ele terá vários textos, imagens e reproduções, painéis e objetos do acervo da instituição da Secretaria de Estado da Cultura, com a missão voltada à pesquisa, educação crítica e conservação. Após investigar o material de vários especialistas no assunto, a conclusão que a maioria dos estudiosos chegou do governo de Dom João VI foi de um balanço positivo.
Distribuída em núcleos temáticos, a mostra aborda a partida, a viagem, a chegada, a realidade colonial, as mudanças no Brasil, a política externa e o regresso da corte para Portugal. A museografia conceitual orienta os temas numa linha de tempo dos acontecimentos que marcaram a época. O texto introdutório foi elaborado com a colaboração do cônsul português, Pedro Filipe Pereira Félix Coelho, permitindo ao público conhecer sua interpretação e inspiração a respeito do fato.
Grupos e escolas podem ser agendados pelo (51) 3221.5946.



SANGUE DA ÁFRICA NO BRASIL

Além de povoar o Brasil, o povo africano foi fundamental no desenvolvimento econômico, pois compôs os diferentes padrões culturais importantes no crescimento do país. Durante os mais de trezentos anos em que houve o tráfico negreiro para o Brasil, aproximadamente 6,7 milhões de escravos africanos foram trazidos. De uma forma geral, os negros eram muito maltratados no Brasil. As senzalas eram locais sujos, pequenos e abafados, com somente uma porta sem janelas e com chão de terra batida, onde dormiam vários escravos. A alimentação era racionada e os escravos recebiam feijão, farinha de mandioca e um pedaço de carne seca. No entanto, o problema com as instalações e comida era pequeno se comparado aos rigorosos castigos os quais sofriam. Qualquer falha cometida pelos escravos era cobrada com severas punições, desde a palmatória até Acima, Pintura de Debret as chicotadas, que os deixavam com partes do corpo em carne viva. Além disso, era colocado sal nas feridas para que a dor perdurasse por dias, a fim de o escravo não esquecer o castigo recebido. Os escravos negros eram proibidos de praticar suas religiões, que eram diversas. A Igreja Católica Romana obrigara a todos a serem batizados e a participarem das missas e sacramentos. Mesmo com os empecilhos, eles conseguiam transmitir suas tradições e dar continuidade à sua religião. Uma das razões desse prosseguimento é o fato de os negros continuarem se comunicando em seu idioma materno. Supõe-se que tenha havido vários líderes religiosos entre os escravos e, como a chegada de novos escravos era constante, os vínculos com a África não eram completamente desligados. A mulher escrava tinha um importante papel naquela sociedade; era ela quem fazia a ligação entre a casa grande e a senzala. As escravas mais bonitas eram selecionadas pelo senhor para serem suas amantes e domésticas. As negras eram o objeto sexual dos homens brancos; desde o senhor-de-engenho, até o menino adolescente. Elas também sofriam diversos castigos por parte da mulher branca. Para se ter uma idéia, se a sinhá sentia inveja da perfeição dos dentes da escrava, ela os mandava arrancar. Ela também desempenhava o papel de mãe, porém dos filhos do senhor. As mulheres negras eram escaladas pelo senhor para serem amas de leite dos sinhozinhos, e, com isso, eram obrigadas a deixar de lado seus próprios filhos. Os filhos do senhor, desde pequenos até quando maiores, vendo seus pais aplicarem castigos, acabavam maltratando aquelas que foram como mães para eles. Os pequenos escravos, assim como acompanhavam o sinhozinho em brincadeiras e aventuras, também serviam de saco de pancadas. Por volta dos cincos ou seis anos de idade, os filhos de escravos já começavam a se habituar com a dura vida que teriam pela frente. Muitas vezes, as crianças iam para a lavoura trabalhar com suas mães e também recebiam chicotadas como castigo. Aos sete ou oito anos, eles já começavam a desempenhar serviços mais pesados e regulares. Deixavam de ter as últimas mordomias infantis. Aqueles que viviam na casa grande exerciam funções próprias para sua idade, ou já treinavam para a função que teriam quando adultos, ou ainda eram pajens, mensageiros ou criadas. Buscavam jornal, encilhavam os cavalos, lavavam os pés das pessoas da casa e mesmo de visitantes, escovavam as roupas, engraxavam os sapatos, serviam a mesa, espantavam os mosquitos, balançavam a rede, buscavam água no poço e carregavam pacotes e outros objetos. Apesar de serem crianças, os pequenos escravos também sofriam castigos, eram separados de seus familiares e acabavam ficando com marcas físicas decorrentes do trabalho excessivo e das punições recebidas. Muitas vezes, o senhor comprava meninos escravos para serem brinquedos de seus filhos.Essa era a forma como viviam os escravos na época em que a família real portuguesa chegou ao Brasil, em 1808. Entretanto, não houve castigo que pudesse oprimir e impedir que essa cultura tão rica, que foi essencial na formação do povo brasileiro, fosse transmitida pelas gerações. Oitenta anos depois, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que abolia a escravatura no Brasil, um dos últimos países do mundo a fazê-lo. --Mudanças ocorridas na sociedade decorrente da chegada da família real portuguesa-- No início do século XIX -antes da família real se instalar - o Rio de Janeiro oferecia poucas distrações: as famílias ricas iam a espetáculos e freqüentavam bailes familiares, já os homens, reuniões de jogo.As atividades eram feitas em dia claro com a luz solar, já que vida noturna praticamente não existia devido à falta de iluminação.Das procissões e nas festas religiosas, toda população da cidade participava. Esses eventos se tornavam pontos de encontro entre parentes e conhecidos que lá se reuniam para contar os fatos do dia e as últimas notícias. Os anos após a chegada da família real portuguesa no Brasil foi de intensa mudança. A vida social se aperfeiçoou, se elevou o nível padrão de vida, tudo isso pelo fato da grande influência dos hábitos de conforto, cultura e diversão trazida pelos portugueses. Para atender às exigências da família real, foi necessário construir novas casas, pois a população havia crescido em decorrência do número de acompanhantes (cerca de 15 mil) e pelo enorme fluxo migratório de portugueses que saíam do reino na esperança de melhores condições; assim apareceram residências isoladas, distantes do centro e junto a jardins e gramados. Modificaram-se também as mercadorias, que foram ampliadas; o transporte e o aumento de oportunidades educacionais. Porém, não foram somente boas mudanças; a vida cotidiana das famílias de homens livres, pobres e remediados tornou-se mais difícil por causa do aumento do preço dos materiais de construção, da valorização dos aluguéis e do aumento do preço dos imóveis além de ter também surgido discriminação por condições de vida oferecidas nos diferentes bairros e o aumento das disparidades sociais. Todas essas modificações na sociedade brasileira são perceptíveis nas obras do pintor Jean-Baptiste Debret que trabalhou no Brasil entre 1816 e 1831, período em que produziu grande quantidade de obras.Durante os primeiros anos, cumpriu seu papel de pintor oficial da corte, dedicando-se a retratar apenas os nobres.Mais tarde, se interessou pela realidade que havia fora dos muros do palácio e começou a pintar cenas das vilas e cidades brasileiras, começando pelo Rio de Janeiro.Nessas obras apareciam não só a elite, mas também os brancos pobres, os mulatos negros escravizados e libertos.Alguns de seus quadros registram as crueldades e as duras condições de trabalho dos escravizados, outros os detalhes do modo de vida da sociedade daquela época.

TEXTO ESCRITO PELO ALUNO CIRIACO

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